
O aumento no custo de arrendamento da terra, um dos efeitos do avanço das usinas solares no semiárido brasileiro, foi um dos motivos que levaram os pesquisadores da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) a buscarem uma alternativa que permitisse conciliar a instalação dos módulos fotovoltaicos com a atividade agropecuária.
“Minas Gerais está cada vez com mais e mais usinas solares implantadas e isso faz com que aquela área se torne improdutiva do ponto de vista da agricultura”, comenta a coordenadora Polyanna Mara de Oliveira.
De acordo com levantamento da S&P Global, o custo de arrendamento de um hectare para grãos em Unaí passou de uma faixa de R$ 390 a R$ 775 em junho de 2019 para R$ 2.481 em junho deste ano. Em Montes Claros, a alta foi de 38,4% no mesmo período no arrendamento para pastagem.
Como o preço pago pelo uso da terra por essas usinas é maior que o praticado nos contratos de produção agrícola, muitos proprietários optam por arrendar áreas às empresas de energia solar, reduzindo a área disponível para agricultura e elevando o custo de arrendamento da terra, afirma a coordenadora.
“A geração agrofotovoltaica tem um impacto social muito importante que é o de não tirar o produtor da sua atividade principal, e em relação à segurança alimentar, porque ele não vai precisar deixar de produzir alimentos para produzir somente energia”, argumenta ela.
De acordo com o professor do Instituto Federal da Paraíba (IFPB) e membro do Comitê de Energia Renovável do Semiárido, Walmeran Trindade, mesmo para os produtores que possuem a terra e firmam contratos de arrendamento, há consequências. Segundo o professor do IFPB, há risco de que a renovação automática e o longo prazo dos contratos comprometa a aposentadoria rural desses agricultores familiares.
“A gente sabe que os agricultores familiares são segurados especiais do nosso sistema de Seguridade Social, mas se eles arrendam a terra e o contrato é tão draconiano que impede que ele faça qualquer uso ao ponte de ter que morar na cidade, fica em dúvida se eles vão continuar sendo considerado segurados especiais”, completa Walmeran.
Fonte: Globo Rural